vivo...por fora...




já aqui não me venho 'sentar' à beira das minhas palavras há algum tempo, elas não estão mortas (por dentro) mas andam calmas, não se fustigam contra os sentidos, não lhes apetece sair, ou isso ou é sono...

falta-me inspiração? essa bebe-se do mar (já devem ter visto fotos...), mas bebe-se também de outras palavras, do brilho efémero de uns olhos cintilantes (efémero porque eles piscam e fecham para dormir e olham para outras direcções e 'paisagens')...se calhar falta-me aquela figura de 'musa'...alguém que me percorra as ideias como se percorre uma pele doce e macia em pontinhas de dedos a desfazerem-se em carícias...ui! até parece que estou a pôr o coração à venda no mercado, mas se parecer não engano ninguém, procurem na secção dos ultra-congelados :p

e não, não está à venda nem para alugar, mas está disponível...sim é isso...

estão mais calmas, como um lago...

...do livro de aksis

As fotos tenho-as tirado por minha própria mão, não quero recolher louvores, apenas atestar modestamente a originalidade e intimidade própria que tento imprimir a este meu blogue...fotos de outros autores também espero deixar identificadas caso surjam...os olhos mais do que ler também se derretem nos cantos arredondados das letras...sofrem com a luminosidade reflectida de uma folha...
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Queria ter um arco-íris a rasgar a noite! Pedir uma companhia tão improvável, só por artes de magia realizável é querer sonhar com o próprio sonho…será?

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parece que tenho fome...

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Sinto a perseguição de uma luz ofuscante que não vejo. Quero o espaço que não tenho para respirar e inspiro golfadas de solidão.
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do senhor W. S. (tb em Aksis)


"Life's but a walking shadow,
a poor player,
that struts and frets his hour upon the stage,
and then is heard no more;
it is a tale told by an idiot,
full of sound and fury,
signifying nothing."

William Shakespeare

Há quem diga que o nosso idioma é a língua dos nossos sonhos ou mesmo a língua na qual pensamos. Já dei comigo a imaginar, sonhar e raciocinar em várias línguas...o nosso riquíssimo Português, cheio de sentido e com muita variedade, e muito também em Inglês...parece estranho?! já fiz contas de cabeça, já me lembrei de palavras e expressões (muito em expressões) que me ocorreram neste idioma...estrangeiro...e por vezes cheguei mesmo a ter dificuldade a expressar-me na forma equivalente do meu idioma natal...não me interessa o idioma, interessa-me comunicar...

dos livros de Akis...

Hoje temos Lua Cheia, inspirem-se os mestres das letras, os que escrevem em som e todos os amantes...

Tenho vindo a preencher mais do que o bloquinho inicial por isso digo livros. Quero primeiro colocar algo menos meu porque não só são as minhas palavras que merecem registo mas também aquelas que me fazem pensar ou sentir...
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"...ou Deus criou o mal e assim o praticou ou nem tudo Deus criou e assim mentiu, pecando."

O Postulado Absoluto de Todo O Mal - Rui alberto Costa Silva
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Agora (m)eu:
Também a Lua está sozinha, mas o seu brilho majestoso enfeita todas as árvores de todos os bosques e todas as florestas e todas as criaturas mágicas reclamam um pouco do seu belo Luar, um luar rico, prateado, um luar que enriquece a quem se fascina por ele…

livro de Aksis - cap. 1...

sem revelar mais do que não sei bem o quê, faço um primeiro post de umas palavras menos novas...o livro é um pequeno bloco de notas onde há cerca de uma década me deu para começar a deixar em traços de tinta algumas das coisas que me escapam por entre letras (partilhadas na altura, mais tarde ou nem por isso)...

...directamente de uma altura onde um 'blogue' era uma espécie de doença rara que só a prima da França que pintava as unhas de preto, era muito magrinha e estava sempre fechada no quarto agarrada ao ordinador (era o que dizia a tia!) possuia:


mas sonha tu...
...o teu poder encantado multiplica-se pela existência
se souberes ser feliz,
a felicidade de um teu sonho poderá quem sabe contagiar-me...

...sabor exótico a...sal?!

A história conta-se no tempo que a lágrima demorou a desenrolar pelo seu rosto…
A noite começou numa viagem afrodisíaca de sabores. Um jantar romântico preparado com temperos exóticos dos que fazem fervilhar a língua e os sentidos. E chá, um chá que ela desencantou numa feirinha de rua aconselhado por uma mulher de aspecto exótico e distante, uma mistura de ervas finas que elevam um formigueiro de hormonas desde o ventre á base da cabeça onde o pescoço se funde nos seus cabelos delicados também eles cobertos de um perfume atraente.
A lágrima era apenas salgada…
Depois do jantar desembrulharam as prendas. Três meses de…relacionamento…deram direito a troca de prendas, ele ofereceu-lhe uma magnólia, bela, rara…ela estava embrulhada em seda e renda e o desembrulhar foi lento ao som do crepitar da lareira. Um fogo ardente aquecia-os aos dois.
A lágrima era morna apenas…
Com o seu presente já desembrulhado ele prestou-se a carícias intensas sobre o mesmo. Dançou com os dedos no pescoço dela, onde poisou beijos e plantou suspiros fogosos. Percorreu a pele nua que separava o seu queixo do umbigo com as pontas dos dedos suavemente enquanto o seu peito palpitava nas costas dela. Mais abaixo sentiu o desejo que procurava, ela rebolou nele e depositou um beijo também ele húmido na sua boca. E deitaram-se…As brasas ruboresciam e parecia que o próprio fogo se tinha acercado do seu leito e ardia agora numa massa única composta por dois desejos fundidos no acto luxurioso que os mantinha unidos. A lágrima já não tardava a brotar única do canto de um olho…
Ele carregou-a ao colo até ao auge da sua sexualidade. Atingiram-no juntos saboreando ao mesmo tempo o doce paladar ambrosiano na profundeza dos sentidos. Ela ao mesmo tempo que lhe cravava as unhas na perna puxava também o cabelo dele inclinando a sua cara num mergulho forçado no seu peito e proferiu o nome…não era o nome dele…
O arrependimento instantaneamente trouxe a lágrima…
Ele triste acompanhou o trilho molhado…inspirou fundo quando a lágrima se separou do queixo da sua amante e conseguiu ver um arco-íris quando o traço de cristal desenhou no ar o seu caminho até ao seio nu…
Seria justo ter ciúmes de alguém que havia falecido mas ocupava os lábios da sua amante? Inseguramente recolheu com um beijo a lágrima, olhou a sua amante nos olhos e sentou-a na beira da cama…
Não se lembra do caminho nem tem noção do tempo que demorou desde que os seus olhos deixaram o vermelho vivo da lareira que jazia suspirando as suas últimas brasas junto de ambos e se inundaram da luz radiante e prateada do luar que o esperava no frio…sozinho inspirou na rua e seguiu o seu caminho ainda menos acompanhado.

se o tempo fosse mais largo...


Cabe em cada nascer de Sol a certeza de um fim de dia…
O meu olhar reparte-se em cada cor quente do pôr-do-sol mas ainda assim não desejo que os dias acabem…sinto uma vontade imensa de mergulhar no céu aquando do ocaso, sinto um desejo alado de me misturar na magia que precede o crepúsculo mas se pudesse multiplicava as horas quentes iluminadas de Sol.
Desejando mais exaustivamente apenas me realizaria ter dias mais largos (nem necessitavam de ser mais compridos)…largos de forma a poder realizar mais e realizar mais devagar tudo o que me preenche o dia, poder sorver a cada segundo o encanto de vida nele contido…para mim a noite e todos os seus encantos é tão poderosa e por vezes mais deliciosa que o dia, mas isso é porque a noite é o próprio dia em si e não o seu simétrico ou negativo. A Noite, então, desejo-a mais larga também!

+ ou - um dia?!


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Largo-me na cama
e derreto-me numa respiração cansada e longa,
repetida...
...o próximo dia está a começar
...resta-me começar este a sonhar...
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The wheels of fortune continue on rolling, as do the ones of my own thought...
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...o mar em mim...




Chegas e despertas-me os sentidos…serão os teu dedos frios ou os meus arrepios puro desejo?
Vens e despes-me…sinto-me nua e desprotegida na tua presença.
Abraças-me com toda a tua força e sinto o teu desejo puro, cru… potente em cada avanço teu e deixas-me assim, feminina…humedecida.
Contornas as minhas curvas todas com esses beijos de sal e eu gosto quando as tuas carícias são ternas e avanças sobre mim com a força de uma maré de Verão e arrefeces o calor que me percorre como fogo.
Ah! Depois vais-te, a tua maré começa a vazar mas sou eu que me fico a sentir vazia, notam-se as feridas que tu me deixas, as cicatrizes que anteriormente ficaram das feridas que em mim rasgaste…quero-te, despejo em ti rios, sabes que te quero…porque me deixas então vazia?
Porque me fustigas com a dureza do Inverno? Porque me atacas com tanta raiva e rasgas a pele? Porque é que me magoas com o teu amor tempestuoso e me deixas ferida assim, com as entranhas á vista? Que raio de amor é o teu? Que amante bruto és…
Derramo em ti quantidades imensas do meu interior, lava quente que brota da profundeza do meu íntimo e tu tens a capacidade de esfriar e moldar-me conforme desejas mas não… não correspondes, não te moldas, encaixas-te em mim perfeitamente mas não ficas…
SOU TUA!
E quero-te! Quero as tuas ondas, o teu vai e o teu vem em mim, quero-me espraiar em ti e sentir a tua espuma espessa e salgada, branca… minha!

Gaia
Gaia é um pseudónimo de um alter ego de um heterónimo de uma das minhas multiplas personalidades...uma ponte com mundos mitológicos ancestrais

início da viagem


bem, um dos livros destas minhas férias muito falava de viagens e inauguro de boa vontade este meu blogue com 2, sim 2 passagens para não ter de postar 2 vezes e dar um aspecto de alta dedicação...


"O tempo, se não o espaço, faz de todos nós viajantes. Por muito que nos agarremos, acabamos sempre compelidos a largar o que já conhecemos e a forjar afinidades com o que é novo, sentindo ainda mais a aproximação do desconhecido. Sentimos o nosso caminho. Se tivermos a sorte do Viajante Cego, teremos a graça de saber ouvir, com igual atenção, a inteligência dos ventos e a solenidade do silêncio. E permaneceremos, alegremente, conscientes do caminho em si."


Estas últimas palavras do autor do livro, as próximas são da personagem central:


"As belezas do belo
São veladas ao cego,
Mas não as graças e o desabrochar
Que floresce na mente.
As belezas nas formas mais refinadas
Estão condenadas a desfalecer;
Mas não as belezas da mente,
que nunca desvanecem."


Bem, isto foi feito por um senhor que era cego, nasceu no século XVIII e era inglês, queiram dar os devidos descontos...

No seu total o conjunto de ambos os textos foi retirado de "O Viajante Cego" de Jason Roberts.


E cá tá o primeiro Post de todos os posts (nos próximos autoria própria...provavelmente)